As actividades que fizeramos em conjunto, cujo líder era I., passaram-me de relance num flash vertiginoso de sucessão de imagens a alta velocidade. As imagens da actividade de Ordesa e Monte Perdido fixaram-se mais prolongadamente, numa sucessão interminavel entre as maluqueiras, as exorbitâncias, a dor e sofrimento, a subida e descida da montanha, os cañones, o rafting, o desmaio no abrigo em França, o regresso a Lisboa com a perna partida.
Pensei com os meus botões, “tentou de novo a sorte e cruzou a linha dos limites, mais uma maluqueira à I.”. Liguei para o C.R. e não me atendeu de imediato. Passou uma tarde, entre sentimentos de incerteza e angustia à espera de notícias. Só à noite consegui falar com ele. As notícias não podiam ser piores às primeiras horas e ainda no S.O. no Hospital em Zaragoza. A família já sabia e estava a caminho. Alguma incerteza e angústia toldava os ânimos imediatos e senti-o fortemente, quando C. me contou os resumos sobre a presença da mulher.
A operação de intervenção deixara um rasto de incerteza sobre a continuidade da linha de vida e essa era a principal angústia de todos, para além dos resultados efectivos de um acidente em que “rebentou um pneu da carrinha e andou às cambalhotas pelas bermas”.
“Como aconteceu?”, atrevi-me a perguntar. “A malta ia no autocarro de 50 lugares. Ele saiu da auto-estrada para comprar alimentos num hipermercado, carregou a carrinha com os dois jovens que o acompanhavam e meteu-se à estrada de novo. Parece que o execsso de peso e a tipologia dos pneus e jantes terão contribuído para o acidente. Ia dentro dos limites de velocidade, tinha acabado de entrar na auto-estrada, mas o rebentamento do pneu dianteiro fê-lo perder a direcção eandar de um lado para o outro. Quando terminou na valeta, fez o efeito de chicote na ocasião do embate e o choque sobre a cervical terá sido o pior”, contou o irmão. “E os outros que iam com ele?”, insisti. “Não tiveram nada de maior dano para além de uma luxações e uma perna partida. O pior mesmo foi com ele e a situação não está fácil. Vamos ver como estará depois da operação, mas para já está estabilizado”, continuou.
O pior cenário dentre os possíveis e tantas vezes comentados entre tiradas irritadas e escárnios sobreos lemas dos comandos portugueses, “a sorte protege os audazes”, tivera a pior saída e a mais temida, naquele quadro entre a vida e a morte.
“C., estou aqui no meio da actividade do RW, não posso sair de imediato, mas assim que acabe vou para aí”. “Vamos falando e vou dando notícias, agora não há nada a fazer, só esperar pelas notícias. Amanhã vou ao hospital com o L. saber como estão as coisas.”, respondeu. “ok, até amanhã então e o que precisares já sabes, conta comigo.”, disse pausadamente, tentando conter-me. “Está bem , Z.M., amanhã falamos.”
Desligou e ficou o nó apertado na minha garganta, entre a dúvida e incrudelidade da situação: o I. estava entre a vida e a morte após a intervenção das equipas de emergência e socorro e dos médicos no hospital.
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